Quando Hotline Miami foi lançado em 2012 pela Dennaton Games, ninguém esperava que um jogo em pixel art, com visão aérea e trilha sonora pulsante, fosse se tornar um clássico cult. O que parecia ser “apenas mais um jogo violento” revelou-se uma experiência narrativa perturbadora, carregada de mistério e com múltiplas interpretações.
O Início da Loucura
No jogo, controlamos um protagonista conhecido apenas como Jacket. Ele começa a receber ligações misteriosas em sua secretária eletrônica, sempre com instruções vagas como “tem uma entrega para fazer” ou “há alguém esperando por você”. Na prática, essas mensagens o mandam executar missões brutais: invadir prédios, matar inimigos e desaparecer sem deixar rastros.
Mas o que chama atenção não é só a violência gráfica — é o clima psicológico. Jacket veste máscaras de animais durante as missões, cada uma com habilidades diferentes, e a sensação é sempre a de que ele está sendo manipulado.
Entre a Realidade e a Alucinação
Conforme a história avança, fica claro que nada é tão simples. Jacket tem visões estranhas, conversas surreais com homens mascarados e momentos em que a própria realidade parece distorcida. Aos poucos, o jogador começa a questionar: quem está dando as ordens? Por que ele está matando essas pessoas? Existe um propósito ou tudo é só delírio?
Essa atmosfera confusa não é acidental — Hotline Miami brinca com a percepção do jogador, colocando-o na mesma posição de Jacket: perdido em meio ao caos e sem entender exatamente por que está fazendo aquilo.
A Verdade por Trás das Chamadas
Sem entrar em todos os spoilers, a trama revela uma conspiração ligada a uma guerra entre facções russas e um grupo de nacionalistas. As ligações que Jacket recebe vêm desse esquema, mas a forma como tudo é apresentado — cheio de lacunas e distorções — faz com que a interpretação dependa muito do jogador.
E essa é justamente a genialidade do jogo: ele não entrega tudo de bandeja. Ele força você a preencher as peças e a refletir sobre violência nos games, manipulação e até sobre o papel do jogador nesse ciclo de matar e repetir.
Hotline Miami 2: Wrong Number
A sequência, lançada em 2015, expande esse universo e mostra diferentes pontos de vista, incluindo outros personagens influenciados pelas máscaras e pela onda de violência iniciada no primeiro jogo. Ele fecha algumas pontas, mas mantém o estilo caótico e enigmático, reforçando que Hotline Miami nunca quis ser um jogo de respostas fáceis.
Minha Opinião
Eu acho a história de Hotline Miami simplesmente brilhante. Ela consegue transformar um jogo que poderia ser apenas “um festival de tiros em pixel art” em algo maior, que mexe com o jogador e o faz pensar. O enredo não linear, as alucinações e a estética retrô criam uma experiência única, que mistura diversão, choque e reflexão.
No fim, Hotline Miami é mais do que um jogo violento — é uma obra que provoca perguntas incômodas e mostra que até os jogos mais simples visualmente podem contar histórias grandiosas.